19 países assinam compromisso 'Belém 4X' para quadruplicar o uso de 'combustíveis sustentáveis' até 2035
07/11/2025
(Foto: Reprodução) Hidrogênio verde será o combustível do futuro?
O “Compromisso de Belém pelos Combustíveis Sustentáveis”, batizado de Belém 4X, foi lançado nesta sexta-feira (7) durante a Cúpula dos Líderes da COP30, em Belém (PA), com a meta de quadruplicar o uso global de combustíveis sustentáveis até 2035.
A iniciativa é co-patrocinada por Brasil, Itália e Japão e já conta com o apoio de 19 países. Especialistas que acompanharam as discussões que antecederam a redação do compromisso criticam a falta de menção clara e direta ao fim do uso dos combustíveis fósseis.
⛽ O que são 'combustíveis sustentáveis'? São alternativas aos combustíveis fósseis que geram menor impacto ambiental, produzidos a partir de fontes renováveis como biomassa, resíduos orgânicos e hidrogênio. Entre eles estão biogases, biocombustíveis, hidrogênio renovável, limpo/de emissão zero e de baixo carbono e seus derivados, incluindo e-combustíveis e e-metano.
O objetivo do Belém 4X é ampliar a cooperação internacional e dar apoio político à transição para fontes de energia de baixa emissão de carbono, especialmente em setores de difícil descarbonização como transporte e indústria.
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Principais pontos do Belém 4X
Meta global: quadruplicar o uso de combustíveis sustentáveis até 2035, em relação aos níveis de 2024.
Abrangência: compromisso inclui hidrogênio verde, biogases, biocombustíveis e e-fuels.
Monitoramento: acompanhamento anual da Agência Internacional de Energia (AIE) até 2035.
Inovação e tecnologia: estímulo à pesquisa, desenvolvimento e demonstração de novas cadeias produtivas.
Infraestrutura: compromisso com a expansão de plantas de produção, sistemas de distribuição e equipamentos de alta performance, como motores híbridos e flex fuel.
Sustentabilidade social e ambiental: o avanço dos combustíveis sustentáveis deve ocorrer de forma ambiental e socialmente responsável, com incentivo a práticas agrícolas sustentáveis.
Revisão anual: reuniões ministeriais e relatórios de acompanhamento a cada ano até 2035.
O Instituto Talanoa analisou que o discurso do presidente Lula na sessão temática sobre transição energética deu ênfase a acelerar o uso de combustíveis sustentáveis em vez de buscar um compromisso com um prazo para o mundo parar de queimar combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás).
"Em seu discurso, Lula pediu o apoio ao Compromisso de Belém pelos Combustíveis Sustentáveis, ou 'Belém 4x', que prevê quadruplicar o uso de combustíveis sustentáveis até 2035. Além disso, detalhou o que pretende ver num "mapa de caminho" sobre transição energética. Sem mencionar parte do compromisso assumido em Dubai em 2023, com uma transição para longe dos fósseis, defendeu prioridade para o enfrentamento da pobreza energética", afirmou o Talanoa.
🌎 Adesão internacional
Até o momento, o Belém 4X foi endossado por 19 países:
Armênia, Belarus, Brasil, Canadá, Chile, Guatemala, Guiné, Índia, Itália, Japão, Maldivas, México, Moçambique, Myanmar, Países Baixos, Panamá, Coreia do Norte, Sudão e Zâmbia.
A variedade e a ampla distribuição geográfica dos signatários, segundo o Itamaraty, mostram a relevância global da iniciativa e o potencial dos combustíveis sustentáveis para impulsionar a transição energética e combater as mudanças climáticas em diferentes contextos econômicos.
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g1
📊 Contexto político e diplomático
O Belém 4X foi apresentado na Cúpula dos Líderes, que marca a abertura política da COP30. O documento cita compromissos anteriores — como a COP28 em Dubai, o G20 do Rio (2024) e a Declaração de Nova Délhi (2023) — e reafirma a necessidade de “transição justa, ordenada e equitativa” para afastar o mundo dos combustíveis fósseis, conforme determinado pela ONU.
O compromisso prevê o uso em escala industrial e a preços competitivos de hidrogênio e seus derivados, biogases, biocombustíveis e combustíveis sintéticos (e-fuels), como forma de complementar a eletrificação e substituir combustíveis fósseis.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, a Agência Internacional de Energia (AIE) acompanhará anualmente o progresso do pacto e publicará relatórios sobre os avanços alcançados pelos signatários.
📅 Próximos passos
A iniciativa permanecerá aberta a novas adesões e prevê a realização anual de reuniões ministeriais até 2035 para revisar o progresso do compromisso.
Além dos governos, o documento incentiva a participação de instituições financeiras, do setor privado e da sociedade civil para impulsionar investimentos e acelerar a transição energética global.
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