Empresário morre de embolia pulmonar após voltar do Chile; trombose surpreendeu família e pode ter sido desenvolvida em avião
16/08/2025
(Foto: Reprodução) Claus morreu aos 39 anos, dias após voltar de uma viagem ao Chile
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Um empresário de Bertioga, no litoral de São Paulo, morreu dias depois de retornar de uma viagem ao Chile com a família. Conforme apurado pelo g1, Claus Costa Pusch sofreu complicações cardíacas causadas por uma embolia pulmonar que surgiu de uma trombose venosa profunda (TVP) na perna. A condição pode ter sido desenvolvida pela viagem de avião.
A TVP é uma doença em que um coágulo de sangue surge em uma veia profunda e, segundo o cirurgião vascular Marcello Romiti, pode atingir qualquer pessoa dentro de uma aeronave, independente se ela possui ou não outros problemas de saúde (entenda mais abaixo).
Dono de uma imobiliária, Claus deixou a esposa Yandra Kalçowisk e duas filhas, de 8 e 13 anos. Segundo a família, ele era muito saudável e não chegou a apresentar sintomas da trombose.
Claus Costa deixou a esposa e duas filhas, de 8 e 13 anos
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Ao g1, Yandra contou que o marido sempre gostou de viajar. Apesar disso, as viagens da família se intensificaram desde 2020, quando ela se curou de um câncer. Segundo ela, o casal passou a valorizar os momentos saudáveis.
“Como ele tinha muito medo de me perder, ele aproveitou a vida. Escolhia as viagens, emendava uma viagem na outra [...] A gente viveu 100 anos em cinco”, disse Yandra.
De acordo com ela, o empresário sempre dizia que a vida era curta e, por isso, deveria ser vivida intensamente. “Falava que viagem era investimento”, explicou a mulher.
Viagem ao Chile
A ida ao Chile, no fim de julho, foi organizada pelo empresário, que compartilhou diversas imagens da viagem nas redes sociais. “Ele adorava tirar foto de tudo e eu não, normalmente é o contrário”, relatou Yandra.
Segundo a viúva, a família retornou ao Brasil no dia 31 de julho e, durante o percurso de avião, Claus não reclamou de nenhuma dor. “Ele estava ótimo”, relembrou a mulher.
Primeiros sintomas
Yandra disse que o marido tinha costume de fazer massagens e, depois da viagem, falou para a massagista sobre um desconforto na perna, mas pensou que não era nada importante. “Achou que essa dor era muscular, mas não foi uma dor insuportável”, explicou.
Claus percebeu os primeiros sintomas na quarta-feira (6), quando acordou indisposto e com falta de ar. Apesar disso, o empresário seguiu as atividades do dia a dia, inclusive trabalhando. “Ele dizia que quando ficava sentadinho, não tinha falta de ar”, explicou Yandra.
De acordo com a viúva, ela notou o marido mais quieto no dia seguinte, mas ele foi jogar futebol, como costumava fazer às quintas-feiras. Durante a partida, porém, o homem desmaiou. Ele procurou atendimento em um pronto-socorro em Bertioga, mas voltou para casa após fazer um exame de eletrocardiograma que não apresentou mudanças significativas.
“Ele estava muito branco, gelado, passando mal, só que ele deitou comigo, a gente assistiu séries, conversou”, relembrou Yandra, dizendo que o corretor de imóveis optou por buscar atendimento médico especializado no dia seguinte, em São Paulo.
Claus Costa Pusch e Yandra Kalçowisk estavam juntos há mais de 17 anos
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Internação
Claus foi dirigindo até a capital paulista acompanhado da esposa. No hospital, eles descobriram que o empresário tinha uma trombose na perna e o coágulo havia se deslocado para o pulmão, causando uma embolia pulmonar.
O corretor foi internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). “O coração dele estava em sofrimento”, justificou Yandra, dizendo que o desmaio havia ocorrido por conta das complicações cardíacas.
Segundo a esposa, apesar dos exames revelarem um diagnóstico preocupante, Claus continuou aparentemente bem. “Os médicos falaram que o caso dele era grave, mas que os exames não condiziam com o comportamento dele. Ele não estava no respirador, continuou brincando”, explicou.
Yandra acompanhou o marido durante toda a internação, pois ele estava em uma UTI humanizada, que permitia acompanhantes. De acordo com ela, Claus continuou falando com amigos, familiares e clientes por chamadas de vídeo e mensagens. No entanto, passou mal na madrugada de segunda-feira (11).
“Eu estava junto, então foi uma coisa muito assim complicada, mas ele lutou muito e os médicos fizeram de tudo. Foram 17 ampolas de adrenalina, completamente fora até do padrão”, lamentou a viúva.
Família de Bertioga (SP) voltou do Chile no dia 31 de julho
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Legado
De acordo com Yandra, o empresário deixou diversas memórias boas para a família e amigos, pois era muito querido na cidade. Apesar disso, o maior legado deixado por ele foi a vontade de viver.
“O que é mais marca era a vontade que ele tinha de viajar e de conhecer o mundo e ser rápido. [...] Ele falava que a vida era muito curta e acreditava que as pessoas tinham que aproveitar e viajar com a família, ter memórias com a família”, afirmou.
Segundo a viúva, o homem deixou uma legião de amigos por todo o mundo, pois fazia amizades nas viagens. “Ele era intenso em todos os lugares, muito brincalhão. [...] Fazia piada com todo mundo", finalizou.
TVP
Ao g1, o cirurgião vascular e presidente do Grupo AngioCorpore, Marcello Romiti, informou que qualquer pessoa saudável pode desenvolver TVP em uma viagem de avião por conta da má circulação sanguínea.
“A posição que fica, mais a pressão da cabine e a imobilidade do membro pode fazer aparecer um coágulo”, explicou o profissional, dizendo que o coágulo pode migrar para o pulmão.
Segundo o cirurgião, o fato de Claus já ter feito várias viagens longas de avião mostra que ele, provavelmente, também não tinha um fator pré-existente. “Qualquer pessoa, mesmo que não tenha nenhum antecedente de patologia vascular, pode desenvolver uma trombose venosa numa viagem de longa distância”, afirmou.
Para Romiti, a prevenção é extremamente importante. Por isso, ele recomendou que pessoas que viajam de avião usem meias específicas. “Acho que é obrigatório uma consulta com o cirurgião vascular para uma avaliação do sistema venoso e a prescrição da meia elástica”, finalizou.
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