Golpe da oração: call center que usava IA cobrava R$ 50 por reza prometendo curas e milagres
08/10/2025
(Foto: Reprodução) Golpe da oração: call center que usava IA cobrava R$ 50 por reza prometendo curas e milagres
Reprodução TV Globo
A Polícia Civil prendeu nesta quarta-feira (8) 35 pessoas em Nilópolis, na Baixada Fluminense, suspeitas de integrar uma quadrilha que aplicava o chamado “golpe da oração”.
Segundo as investigações, o grupo operava uma central de teleatendimento que oferecia orações personalizadas em troca de dinheiro, utilizando um aplicativo de inteligência artificial (IA) para criar os textos religiosos.
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De acordo com a delegada Isabele Conti, titular da Delegacia de Nilópolis e responsável pela investigação, o esquema funcionava há pelo menos dois anos.
"Análises das documentações apreendidas no escritório apontam que esse grupo recebeu cerca de R$ 3 milhões em apenas um ano de atendimento", afirmou.
As orações eram produzidas por um aplicativo de IA, a partir de informações fornecidas pelas vítimas. As atendentes perguntavam sobre os problemas enfrentados — como doenças, dificuldades financeiras ou familiares — e solicitavam ao app uma oração específica para aquela situação.
O texto gerado era então lido para a vítima, que não sabia da produção artificial da oração. A pessoa então era cobrada em média R$ 50 pelo serviço.
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A polícia descobriu que o grupo atraía vítimas por meio das redes sociais. Um pastor, apontado como líder da quadrilha, fazia postagens incentivando pessoas a entrarem em contato. Depois disso, a central ligava para os fiéis, alegando que estavam sendo procurados por “milagre” ou “revelação divina”.
Durante a operação, os agentes encontraram uma tabela com os preços das orações no escritório da central. Os suspeitos vão responder por estelionato e associação criminosa.
A Polícia Civil faz um apelo para que as vítimas do golpe procurem a Delegacia de Nilópolis para registrar ocorrência, já que o crime de estelionato exige representação formal da vítima para que a investigação avance.
O advogado responsável pela central de atendimento foi procurado pela reportagem, mas não quis se pronunciar.
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