Penitenciária de Araraquara aposta em projeto de audiolivros para alfabetizar detentos

  • 06/07/2025
(Foto: Reprodução)
Contra o analfabetismo funcional, iniciativa leva leitura falada a reeducandos analfabetos. Programa oferece remissão de pena e a esperança de um futuro melhor após o cumprimento dela. Penitenciária de Araraquara cria clube do livro para alfabetizar detentos Um projeto inovador na Penitenciária de Araraquara (SP) usa audiolivros para alfabetizar detentos que nunca leram. A iniciativa oferece remissão de pena e a esperança de um futuro melhor após o cumprimento dela. O projeto “Clube de Leitura para presos não alfabetizados” surge em um país onde 29% da população entre 15 e 64 anos é considerada analfabeta funcional, segundo o Indicador de Alfabetismo Funcional, desenvolvido pela ONG Ação Educativa e o Instituto Paulo Montenegro (veja os dados abaixo). 📲 Participe do canal do g1 São Carlos e Araraquara no WhatsApp Penitenciária de Araraquara cria Clube do Livro para alfabetizar detentos Reprodução/EPTV Mais notícias da região: OPORTUNIDADES: ONG tem 20 vagas em curso gratuito de preparação de jovens para o mercado de trabalho FÉRIAS: Cartórios emitem autorização online para viagens de crianças e adolescentes JUSTIÇA: Vereador Leandro Guerreiro (PL) perde mandato após condenação por charges com ofensas e intolerância religiosa Pioneira em Araraquara, a iniciativa já chegou a outras três unidades prisionais, em Ribeirão Preto, Serra Azul e Jardinópolis (SP), e leva literatura a quem ainda não sabe ler, por meio de tablets sem acesso à internet e fones de ouvido. Os reeducandos escutam histórias que, por enquanto, ainda não conseguem decifrar nas páginas. Duas vezes por semana, dez detentos se reúnem para ouvir os áudiobooks. “Eu não sei ler nem escrever. Na aula de vídeo estou me dedicando e aprendendo mais. Está sendo bom demais”, disse o reeducando Adilson Tadeu Soares. O projeto O projeto é uma parceria da Fundação "Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel" (Funap) com a Fundação Observatório do Livro e da Leitura e a Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo (SAP). O reeducando pode ler até 12 livros por ano e cada obra concluída dá direito a quatro dias de remissão da pena. “Só que a pessoa que não sabe ler e escrever fica privada da possibilidade de ter essa remissão e, muito mais, de não ter o conhecimento. Então nós pensamos em como proporcionar isso às pessoas não alfabetizadas”, explicou Eunice Rosa Godinho, superintendente de Atendimento e Promoção Humana da Funap. Reeducando participa de projeto na Penitenciária de Araraquara Reprodução/EPTV Os reeducandos selecionados também participam do ensino regular todos os dias pela manhã. O Clube do Livro é um complemento nessa nova vida de cada um deles. “A gente acredita muito que essa escuta que eles vão fazer vai melhorar o vocabulário. E sendo trabalhado concomitantemente com a aprendizagem, acreditamos que isso vai ser fundamental na reinserção social dessas pessoas”, disse Leandro Davilla, chefe do Setor de Trabalho e Educação da Penitenciária de Araraquara. Segundo Luciana Paschoalin, diretora do Observatório do Livro e da Leitura, a escolha do acervo utilizado no projeto é feita por uma equipe técnica especialista na área. “A gente também busca o livro que chame a atenção do leitor. Quando ele inicia, precisa ter um atrativo”, explicou. Aprendizado e sonhos Penitenciária de Araraquara cria Clube do Livro para alfabetizar detentos Reprodução/EPTV A edição atual que está sendo debatida a obra “A Revolução dos Bichos”, romance escrito em 1945 por George Orwell, até fez o reeducando Adilson sonhar. “Eu morei em fazenda, o jeito que fala parece que estou na fazenda lidando com os animais. Para mim, está sendo excelente. Pra ser sincero, nem parece que estou na cadeia”, disse. Aos poucos, o aprendizado cresce e o sentimento é de satisfação. “A gente conversa muito, debate tudo o que estamos ouvindo, está ajudando muito”, disse o reeducando Lucas Fernando Custódio. Se depender da avaliação do reeducando Leandro Gomes Mendes, mais presos vão ter a chance de transformar a vida por meio das palavras. “Para mim está sendo interessante porque eu não sabia nada. Pretendo continuar estudando lá fora, arrumar um emprego digno para as pessoas verem nós com outro olhar”, disse. Analfabetismo funcional no Brasil De 2018 a 2024 , o percentual de analfabetos funcionais no Brasil praticamente foi o mesm Reprodução/EPTV De 2018 a 2024 , o percentual de analfabetos funcionais no Brasil praticamente foi o mesmo. Há sete anos, 30% dos brasileiros de 15 a 64 anos ou não sabem ler ou escrever ou sabem muito pouco, a ponto de não conseguirem interpretar um texto. No ano passado, o número fechou em 29%. Nas famílias com renda de até um salário mínimo, o percentual de analfabetos funcionais é o maior: 45%. Entre a população economicamente ativa, ou seja, pessoas que estão no mercado de trabalho, 27% são analfabetos funcionais. Lígia de Almeida dos Reis, diretora do Departamento de Educação Básica e Supervisão de Ensino de São Carlos Reprodução/EPTV E até mesmo entre os mais jovens os índices são preocupantes: na faixa de idade entre 15 e 29 anos, 16% são analfabetos funcionais, percentual maior do que em 2018, quando eram 14%. “São vários fatores. Tem a questão do acesso à cultura, a qualidade do ensino que foi oferecido, as condições sociais também impactam muito, que levam alguns estudantes a desistirem, não frequentarem corretamente a escola”, disse Lígia de Almeida dos Reis, diretora do Departamento de Educação Básica e Supervisão de Ensino de São Carlos. Para ela, o caminho de melhoria é envolver toda a comunidade na solução do problema, com espaços e projetos que acolham e ofereçam oportunidades. “Então a gente precisa criar programas de incentivo à leitura, programas comunitários”, disse a diretora. REVEJA VÍDEOS DA EPTV: Veja mais notícias da região no g1 São Carlos e Araraquara

FONTE: https://g1.globo.com/sp/sao-carlos-regiao/noticia/2025/07/06/penitenciaria-de-araraquara-aposta-em-projeto-de-audiolivros-para-alfabetizar-detentos.ghtml


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