'Quando a palavra vira resistência': espetáculo celebra memória negra na 1ª Virada Preta de Presidente Prudente
“Quando a Palavra Vira Comida” será um dos espetáculos apresentados na 1ª Virada Preta em Presidente Prudente
Alana Larissa de Freitas/Reprodução
A força da palavra, dos saberes ancestrais e da oralidade como alimento da memória negra chega ao palco da 1ª Virada Preta de Presidente Prudente (SP) com o espetáculo “Quando a Palavra Vira Comida”.
A apresentação, conduzida pelo Grupo de Teatro Negro da FCT Unesp e convidada especial do Sesc, integra a programação do evento e promete provocar reflexão sobre territórios, identidade e pertencimento.
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O espetáculo “Quando a Palavra Vira Comida” parte da ideia de que a história da população afro-brasileira foi preservada por meio da oralidade. Na montagem, as narrativas ancestrais se tornam alimento simbólico para corpos que resistem, se reinventam e mudam sua realidade por meio da arte.
Ao g1, a diretora da peça, Amanda Pessoa, 34 anos, afirma que o título do espetáculo vem da necessidade de falar sobre alguns marcadores sociais que atravessam muitas pessoas negras, como o racismo estrutural
“Mas sem esquecer que estamos falando por meio do teatro e trazendo também questões poéticas e lúdicas para abordar tais temas. No espetáculo, uma mãe conta história para os filhos para preencher a panela vazia, trazendo uma reflexão sobre as mães negras e suas histórias”, destaca.
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A apresentação também reforça a importância da produção negra no ambiente universitário, aproximando estudantes, comunidade e território por meio de expressões culturais que dialogam diretamente com identidades periféricas.
A partir da peça, a ideia é trazer vozes de mulheres negras como Conceição Evaristo, Beatriz Nascimento e Carolina de Jesus, segundo a diretora, formada em História e Artes Cênicas pela UFGD e doutoranda em Educação na FCT-Unesp.
“Além de trazer para a cena a memória da minha avó, que não conheci, tentando entender por que muitos negros não têm história da nossa família... O motivo disso, na verdade, é o apagamento decorrente da escravidão”, continua.
A importância de um evento específico para a cultura negra é imensa, conforme a diretora. “Pois além de dar visibilidade para os artistas, remunera esses artistas, é muito importante que a cidade veja e reconheça a arte e a cultura negra, promovendo a valorização e o empoderamento da comunidade negra”, diz Amanda.
O grupo é composto por Veridiana Balbino, Lucas Silvestre, Leia Toledo, Amanda Pessoa, Cassia Piva, Lorran Ribeiro e Taila Baes.
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Amanda é professora do grupo Teatro Negro da Unesp de Presidente Prudente
Alana Larissa de Freitas/Reprodução
1ª Virada Preta
A 1ª Virada Preta é realizada pela Secretaria Municipal de Cultura (Secult), em parceria com os conselhos Comir e Comuc. O evento reúne seis atividades selecionadas por edital público, distribuídas entre os dias 19 e 20 de novembro.
A programação começa na quarta-feira (19), às 19h, no Villa 018 Container, com uma noite dedicada ao samba. O show da Patota do Samba e convidados marca a abertura oficial da Virada Preta.
Para participar, é necessário retirar ingresso antecipadamente mediante a doação de 1 kg de alimento não perecível, que será destinado ao Natal Sem Fome. As trocas ocorrem no Centro Cultural Matarazzo (8h às 17h) e no Villa 018 (19h às 22h).
No feriado da Consciência Negra, as atividades começam às 17h, no Centro Cultural Matarazzo, com uma sequência de apresentações que celebram ritmos, danças e manifestações afro-brasileiras.
Além do espetáculo teatral “Quando a Palavra Vira Comida”, estão os destaques:
Espetáculo de dança “Castrano – Ainda Somos os Mesmos?”;
Wakanda Afrodance – Revitalizando e Celebrando as Raízes da Dança Afro;
Apresentações de Capoeira Angola do Sertão, Samba de Roda e Afro Reggae;
1ª Virada Preta acontece em Presidente Prudente entre 19 e 20 de novembro de 2025
Secom/Arquivo
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